vou arranjar os pés
vou, vou, pôr-me bonita. Vou arranjar os pés, fazer as unhas, pintar os lábios e cortar o cabelo. Mas antes vou às compras. E nem almoço. Faço tudo de enfiada, ai faço, faço. Faço, e ai dele, logo à noite se não olha para mim.
Já não me lembrava de me ver num vestido. Nem de me ver assim mulher.
Com a cabeça no vestido preto, começo pelo cabelo e as unhas na mãe da Zulmira. A prima lima a conversa com os dedos na mão; a mãe corta o discurso e penteia para outro lado. Pronto já está.
Só falta arranjar os pés. Vou um ante o outro, passo curto, apressado, a casa da Júlia. Atende-me num quarto de hora e já está fico pronta.
Chego a casa, o Henrique não dá por mim, ainda bem, não dá por mim e assim vou ao quarto. Ponho o vestido e preto e deixo-me à frente dele. Estás doente, pareces com má cara, diz-me sem reparar. Não, não, estou cansada, fui à Júlia arranjar os pés.
Deixo-o a falar sozinho.
"Olha, diz à Júlia se amanhã tem tempo para receber os jogadores do sporting"...
e disse mais qualquer coisa
1 comment:
:)
Humor subtil... numa «estória» que aparenta viver-se em muitos lares!
Saudações,
Carriço
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