Tuesday, February 03, 2004

A parte de trás do pé

Em diversos momentos na vida, ouvimos, por este ou por outro motivo: já está tudo inventado.
Uma sentença taxativa por excesso. Desarmável como tantas verdades absolutas, tal como na
história a seguir.
Ao movimento à rectaguarda das patas dos animais, achou-se por bem dar o nome de coice. Uma
escolha rude, à semelhança do gesto.
No jogo da bola, nos cantos, nos livres, mas sobretudo quando o árbitro não vê, alguns
iluminados concluiram que a parte de trás do pé tem utilidade: para intimidar o defesa que atrás
belisca onde pode e como pode.
Afoitos, no primado da técnica, os brasileiros apercebem-se que a parte de trás do pé também joga.
Abrem a boca aos oponentes e escondem-lhes a bola em passes de mágico.
Até que um dia, um argelino, não lembraria ao diado, mas um argelino entre a espada e a parede,
a baliza e a defesa, sem poder fazer mais nada, inspirado no instinto, chuta pela primeira vez com
a parte de trás do pé. E pareceu fácil.



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