Monday, March 01, 2004

10 em dez anos

Hoje talvez não regresse ao Porto.
A estas pedras encaro-as como gente, neste raio de conversa...ora muda, ora surda.
Palavras que lhes troco com os ohos, palavras que não falo, mas digo.
Apetecia-me dormir contigo, conjugo assim, no passado, uma vontade do agora.
Se bem reparo, não é novo este pisar de com quem falo.
No chão, a caminho de ti, sou perfeito. E pudesse o chão seres tu, ouvirias, tudo ao certo.
Na realidade, e frente a frentre, entala-me esta ideia das palavras terem ouvidos.
Calo-me ao proximar de ti.
Assim, discurso à fidel, pé esquerdo, pé direito, sabendo que lá por baixo já está asfalto... é a cor do chão a 10 minutos de tua casa.
Lisboa 1994. Estava sol, era dia. Duas únicas diferenças. Esta noite volto a não ir a ti.
Seja medo, insegurança. Duas vezes, em dez anos.
É como se fosse dia de Derby em estádio cheio.
A meio campo, dominei no peito... depois o erro vai falar por mim....escreve-se com a cabeça fixada no chão. Passar todos e mais um. Fui cego por lá baixo, surdo aos avisos.
Contra tudo e contra todos, fui sózinho, passei todos e mais um.
Com ela à mercê atrapalhei-me, foi para fora, e mais 10 perderam por mim.
Vi-os sem ter olhado em volta porque os lí no número da perna esquerda dos calções.
Um pouco acima desta mão já segura por ti há dez anos; no momento em que fui para fora, cego por lá abaixo, surdo aos avisos...mudo.
Imaginando-te de branco... certa de mim.
Ainda não é hoje que decido o jogo. Antes, hei-de chegar ao Porto.
Já não falamos há 10 anos. O mundo seguiu em frente, foi de Maradona até Zidane.
Fechou um ciclo. Estou com ele.

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